Bloco diz que "não há mais nada para Machete esclarecer"

Catarina Martins diz que agora é com o Ministério Público. E que o apelo de Cavaco não é para o Bloco de certeza.
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É no meio de uma visita a um bairro de barracas, esta tarde, na Costa da Caparica, que a coordenadora nacional do BE reage, cortante, à disponibilidade do ministro dos Negócios Estrangeiros, hoje anunciada, para ir de novo ao parlamento prestar esclarecimentos sobre aquilo que apresenta como "incorreção factual". "Não há nenhum esclarecimento extra para ser dado. Rui Machete mentiu à Comissão de Inquérito sobre o caso BPN ao dizer que nunca tinha tido ações da SLN, e o que está previsto na lei nesses casos é uma queixa ao Ministério Público. Foi isso que o BE fez."

Catarina Martins foi também questionada sobre o sentido do apelo de Cavaco, horas mais cedo, para que os políticos falem de crescimento económico e investimento (e, depreende-se, não de mais resgates, como tem insistentemente feito o primeiro-ministro). Responde com ironia. "O BE tem falado todos os dias da necessidade de crescimento económico e de criação de emprego. Fizemos por exemplo uma proposta de reabilitação urbana que, incidindo sobre 200 mil fogos, criaria 60 mil empregos."

Já a intenção, ontem tornada pública por Passos, de mexer na lei eleitoral, fá-la mesmo sorrir. "O primeiro-ministro neste momento de campanha eleitoral falará de tudo menos do que importa." Quando os jornalistas insistem em saber qual a posição do BE sobre a alteração legal, Catarina dribla a pergunta. "Estamos a três dias das eleições autárquicas. Quando a Assembleia da República estiver em funcionamento, poderemos discutir essas matérias." E nem mesmo a opinião do líder do PCP (em cujo território autárquico se encontra, já que a câmara de Almada é CDU), que sustenta querer Passos mexer na lei para beneficiar o seu partido, a tira do sério. "Vou falar de coisas centrais na política. Como habitação condigna para estas pessoas."

Fica-se pois sem se saber se o BE tem uma posição sobre a alteração da lei eleitoral. Mas uma coisa sabe-se de certeza: ontem o outro coordenador nacional do Bloco, João Semedo, num muito concorrido jantar-comício em Salvaterra de Magos, a única câmara que o BE conquistou, assumiu que quer os votos de socialistas desiludidos com António José Seguro (por coincidência, ontem também num jantar-comício em Salvaterra). "Perguntamos ao PS: qual a utilização que vai fazer dos votos que receber no dia 29? Por isso dizemos aos socialistas, aos que querem um entendimento à esquerda, que não querem o partido sentado à mesa do Governo, que pensem bem no que António José Seguro vai fazer com o seu voto no dia 29. E dizemos a esses socialistas para votarem no Bloco de Esquerda." Curiosamente, Semedo tinha garantido, minutos antes, querer uma convergência à esquerda. Mas, lá está, "sem enganos em relação àqueles com quem podemos entender-nos. Somos por um governo de esquerda com corte com as políticas de austeridade, com as políticas do memorando." Resta saber quem poderá fazer parte desse Governo - Semedo isso não disse.

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